terça-feira, 30 de março de 2010

Sarará Crioulo

Infelizmente tenho 0% de sangue negro. A combinação ítalo-germânica me dá ginga e malemolência típicas de um gringo no samba. Mas eu sou uma grande teimosa e resolvi aprender a tocar um instrumento de percussão: o cajon.
Comecei com o vídeo de um peruano com cara de traficante, mas que felizmente é beem paciente e canhoto (essa é a dificuldade 2, fica pra outro post).
Depois de uma semana tentando pegar as rumbas, festejos, salas e afins, quase desistindo da missão, vem um google ads: rock no cajon. Tum pá Tum pá, ritmos quadrados, compassos divisíveis por 2.
Estou salva.
Mas continuo sem ginga.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Marginais

Antes a mazela do não-fumante no bar era a fumaça. Aquele cheiro de bituca que impregna na roupa, no cabelo e até na pele.
A bem-vinda lei antifumo me deixou feliz, cheirosa e menos alérgica. Mas aí a reclamação dos viciados de não ter onde fumar, do preconceito de serem "marginalizados". (por mim, aliás, ótimo. Viciado é marginal.)
Agora na noite da capital paranaense a gente tem uma série de filas, restrições, sistemas - que sempre caem - e babaquices do gênero, só pra facilitar a entrada e saída dos fumantes dos bares. Entre marginalizar o pessoal que gasta UMA GRANA em cigarro e botar todo mundo em 3 filas por noite, perdemos nós, de novo.
Em vez de lutar pela legalização da maconha eu vou é erguer uma bandeira pela criminalização do cigarro.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Sabedoria

Na aula de direito constitucional, falando sobre a separação entre estado e igreja e as regalias da instituição dos padres, o professor solta:

- Em 1970, quando eu trabalhei na construção de uma usina hidrelétrica a gente teve que eleger prioridades. Começamos construindo as casas dos funcionários. Logo depois, uma igreja católica e uma evangélica. E aí, é claro, a zona.

quinta-feira, 25 de março de 2010

diminutivo

Meu senso de limite é duvidoso quando o assunto é tamanho de saia.
Claro que eu não ando por aí mostrando os fundos gratuitamente, mas talvez a palavra “quase” seja usada com certa frequência.

-Fernanda Brun. Sua família não fala nada quando vê você saindo de casa só com esse pedaço de pano? - pergunta a amiga.

Daí eu lembro de inúmeros belos momentos pré-náite, ainda em casa, me aprontando para a baladação:
-Mãaaaaaae. Minha saia tá muito curta?
-Claro que não, filha. Se a calcinha for da cor da saia, tá tudo certo.

Ah, a sabedoria materna.

segunda-feira, 22 de março de 2010

definições

Piti
Substantivo masculino
Ataque histérico. Chilique. Escândalo.

Em video

Em imagem

Em causo:
Relógio marca 19h. Compromisso às 20h. Fome. Fast food.
Lanche que alimentou, mas não satisfez. Gosto de cebola na boca.
Escova de dente na bolsa. Alívio.
Banheiro. Bolsa presa no meio das pernas. Pasta em uma mão. Escova em outra.
Desequilíbrio. Escova vai parar atrás da lixeira. Lixeira pregada na parede.
Fernanda Brun chorando. Literalmente.

Sabe, tudo, TUDO QUE EU QUERIA NA VIDA NAQUELE MOMENTO era escovar os meu dentes. Mas eu fui lá e DERRUBEI a maldita escova no lixo e tive que me CONTENTAR com a porra de um trident com gosto de GELOL.

E não me venha falar “é o que temos” que eu vou mandar você tomar no cu. NO CU!

Ando estranha.
Me evite.

Randômicas

- "Use filtro solar". Mas uma camiseta é sempre mais efetiva. Não há filtro solar confiável que não tenha cheiro de tinta ou de perfume do paraguai.

- Diálogo no café da manhã entre um casal de cerca de 43 anos e um homem de seus 35 que dizia ser segurança:
(segurança) - quando rolam essas brigas de torcida, tem que levar os sacanas prum canto e descer o sarrafo.
(casal) - E a imprensa que também é corrupta?
(segurança) - por mim, levava pra outro canto e enchia de porrada também.

- Se você for dono de um restaurante, lembre-se que vale mais a pena cobrar R$ 2 a mais e ter uma porção bem servida que um preço baixo e apenas 4 camarões no prato.

- Se você for dono de um restaurante (II), prefira contratar senhores de idade que jovens aspirantes a viajantes. Cortesia sempre me faz pagar contente os 10%. Um garçom que guarda meu casaco e me lembra de carimbar o ticket de estacionamento faz a comida ter um gostinho melhor.

sexta-feira, 19 de março de 2010

te dedico

(Este post vai especialmente para minha colega de blog)

Internet, Banco online. IPVA do carro.
Resolvo olhar o extrato e ver o grande desastre que milhões de contas e valas devem ter feito no meu rico dinheirinho:

Espanhol, ok. Pós, ok. Saque, ok. Sandália, ok, Geovanis, 297 reais.
-MEUDEUSDOCÉU, o que é isso?
Coloco a cabeça pra pensar. Pesquiso datas, procuro papéis, olho para os lados pensando o que diabos teria custado 297 e seria tão insignificante a ponto de eu esquecer completamente.

No gtalk, choro pro amigo.
- Tá, tem 297 no meu extrato que eu não tenho noção do que é.
- Como é? 297 reais?
- É. Eu gastei e não sei o que é.
Eu já com a mão no telefone, pensando no que falar pro atendente do banco, desesperada, dizendo que tudo bem que eu não sou muito organizada, mas 297 reais, moço, eu ia lembrar. Ninguém esquece disso assim.

Pula a janelinha do gtalk de novo. O amigo:
- Não foi algum curso que vc começou, não? Ou a academia que vc pagou 3 meses?
Silêncio.
- AEEEEEEEEE. Brigada. Ozamigo lembram mais coisa da minha conta que eu.
- Cabeça de vento! Parece a Milana!

Feministas

- Não vou poder casar com um homem rico.
- Por que?
- Eu fico muito constrangida na hora da conta.
- É simples. Deixe que ele pague. Aceite uma gentileza como se aceita um elogio.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Burrice coletiva

Diz que brasileiro adora carros. Como sou metade alemã e metade italiana não estou muito preocupada não. Meu carro é lavado em média a cada 4 meses - depende do que derramar dentro.

Ontem resolvi lavar porque o carpete estava cheio de cabelos loiros (supostamente meus). Deixei o Juca - tem que ter um apelido carinhoso - no lava car e fui pra casa.

Cozinhei, vi lost, estudei, li, me alonguei, fofoquei. Onze da noite tenho uma epifania: PUTZ! ESQUECI-O-CARRO-NO-LAVACAR!

Hoje pela manhã cheguei lá com aquela cara de "pois é, sabe como é". O cara saiu na maior boa vontade:

- Aproveitei teu carro pra dar umas voltas!
- Opa! tinha combustível suficiente?
- Não muito. Mas como foram 3 pessoas que esqueceram o carro aqui ontem, deu pra dar um rolé.

raaaabububunhó

Todas já tivemos paixonites adolescentes.
Eu, por exemplo, era louca pelo Nick do Backstreet Boys, pelo Daniel Johns do Silverchair e pelo Brad Pitt, depois de assistir mil vezes “Entrevista com o Vampiro”. Tá que o cara da boy band era meio afetado. Na verdade, ele era fofo. Mesmo assim, era um cara normal, que usava calça jeans semi bag e tinha namoradinhas do mundo artístico. Enfim.

Daí eu tava ali, lendo o jornal, quando me aparece um piázinho que é a tal febre das menininhas. Abro a página e vejo um cidadão de 17 anos com o cabelo alisado com chapinha, o olho pintado perfeitamente de preto, a sobrancelha bem tirada e a seguinte citação:
“Olá, pessoal. Sou um cara que sempre está sorrindo e que tenta conquistar os seus objetivos sem precisar pisar em alguém ou derrubá-lo. Beijos, me liga. RAWWWWR.”

O mundo não é mais o mesmo...

sexta-feira, 12 de março de 2010

quem é você na noite?

Qual o cúmulo do esquecimento?
.
.
.
.
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A moça entra num bar, paquera um cara, dá seu telefone pra ele e, quando o cara liga pra ela, um nome aparece no visor:
-Fulano?
-Ué, como você sabia que era eu?
-Que estranho! Teu número tá marcado com teu nome no meu celular.
-Como assim?
(blablablabla)
-Cara, acho que a gente já se conhece.
-Pois é...

E foi assim que eu dei em cima de um cara com quem eu já tinha ficado.
Fim.

quarta-feira, 10 de março de 2010

amizade

Moro na mesma casa desde que nasci. Tirando uns dois anos por ali, um ano acolá, tô sempre aqui. Sempre estive.
Os vizinhos, no entanto, mudam.

Há uns dois anos a casa ao lado tornou-se uma empresa de higienização ou algo que o valha. Resumindo: uns 20 funcionários entram e saem diariamente da casa. Por aproximadamente um mês tentei fazer contato amigável. Um oi de manhã cedo, um tchauzinho na hora do almoço, um movimento no final do expediente. Nada. Nunca tive resposta. Nem da loira que vive de salto, nem do gordinho risonho. Nem do japonês magrinho. Muito menos da ruiva de óculos.
Mas a vida é cheia de reviravoltas.

Sexta-feira. 8h. Ressaca física e moral. Banho, maquiagem borrada. Turbante com a toalha no cabelo. Meu irmão grita.
-Guria, tô saindo e teu carro tá atrás do meu. Tira lá.
Tá.
Enfio o pijama de novo, do avesso, coloco a pantufa e vou me arrastando até o carro. Tiro ele da garagem e encosto do outro lado da rua enquanto o irmão procura o som. Coço o olho, encosto a cabeça no volante e escuto risadas. Olho para o lado e vejo 4 funcionários da tal empresa rindo e me apontando.

Desde então, recebo sorriso, bom dia e tchauzinhos dos meus novos amigos. Por pena, consideração ou amizade? Não sei.
Só sei que nada na vida é em vão.

Fogão

Texto da nossa amiga e colaboradora Renata Polatti:

Tem coisas que acho que só podem estar na genética. Quando eu era pequena, dizia que eu tinha uma vó que cozinhava e outra que costurava. A que costurava era a mãe da minha mãe, que por sinal também não cozinha. Sempre que a gente passava a temporada na praia, ela levava comida congelada.

Como não poderia deixar de ser, claro que eu também não sou fã da culinária. Tanto que estou há quase um ano sem fogão, sem me importar muito com isso. Afinal, tenho um microondas, uma sanduicheira, uma máquina de waffles e uma grelha elétrica, que por sinal nunca foi usada. Para falar a verdade, eu até tenho um fogão. Ele está na caixa, dentro da lavanderia, ocupando o lugar que seria da máquina de lavar, que é outra história. O problema é que quando eu o comprei, ele veio amassado e a loja não quis trocar. Agora estou brigando na justiça para conseguir o dinheiro de volta. Já tive uma audiência, mas os caras não apareceram.

Depois eu ganhei outro fogão usado, que era da minha prima. Agora esse outro fogão está na churrasqueira da casa da minha mãe. Ele estava bem sujo quando eu peguei, mas depois de uma bela limpeza, ficou utilizável. Faltava só chamar o técnico para arrumar. Só que aí, a minha vó, a que cozinha, teve uma brilhante ideia: vender esse fogão e me dar um que seja mais compatível com o meu estilo de vida. Esse aqui:

Um fogão para camping de duas bocas. Veja aqui

quarta-feira, 3 de março de 2010

comoção

Catástrofe no Chile.
Morte, desabamentos. Gente que perdeu a casa e a família.

O jornalismo está lá, cobrindo todos os momentos. Filma a criança sendo resgatada, a mãe que chora o desaparecimento do filho, a cidade em ruínas, uma planta nascendo no meio dos destroços.

Entre os entrevistados, o comunicólogo resolve buscar o depoimento de brasileiros que estão por lá e passaram por momentos de desespero.
No vídeo, um senhor de meia idade com uma camisa pólo amarela fala com uma expressão amena.
-Foi horrível. Estávamos no hotel e não sabíamos o que fazer. Aquela bagunça, sabe? Garrafas de champanhe quebradas pelo chão, uma coisa de louco.

terça-feira, 2 de março de 2010

Das dietas

Festa na firma. Docinhos, bolos, salgadinhos, uma porção de gente em volta da mesa - integração entre os departamentos, sabe como é. Gente fina que sou, desci e fiz um prato com os quitutes para os colegas - na proporção dois pra boca, um pro prato.

No segundo prato a moça do financeiro, que falava animadamente sobre dieta com uma estranha, puxa conversa:
- E você hein? Como faz pra comer tanto e ser tão magrinha?
Olhei bem pra ela. Vi o veneno escorrendo no canto da boca, os olhos vermelhos de ódio... Terminei de mastigar o meu brigadeiro e fui afável:
- Sou bulímica.

segunda-feira, 1 de março de 2010

novos amigos

Nunca gostei de academia. Magra que sou, sempre me falaram: “você tem que fazer musculação”. Quem já fez sabe o quanto ficar puxando ferro é um grande pé no saco.
A idade chegando, a celulite aparecendo e a gente começa a se preocupar. Tanto a ponto de pagar o trimestre da academia pra não faltar. Com dinheiro, afinal, não se brinca.

Hoje, lá estava eu. Olhei pra grade de atividade, ignorei a musculação e li: body combat.
Basicamente você fica pulando, chutando, socando e gritando. Pra quem fica o dia todo na frente do computador falando baixo parecia perfeito.

Antes, fui falar com o professor. Ao lado dele, três outras novas alunas.
-Porque aqui é correria, meninas. Quero ver vocês suando, suando muito. Coração indo lá pra 160. Aqui dá pra perder de 600 até 1000 calorias por aula.
E elas ali, felizes com tanto número.
Eu do lado arregalava o olho.
-E é assim. Perder peso. Muito peso. Ficar bem magra, bem gostosa.
Sorrisos, ele resolve olhar pra mim.
-E você, querida? Começando hoje?
-Pois é, moço. Mas meu problema é outro.
-Então me conte.
-Eu odeio musculação, sabe?
-Ah, eu também.
-Pois é. O grande problema é que eu já sou meio magra demais pra emagrecer mais ainda.
Nisso, as três meninas fecham a cara e vão olhando pra mim com cara de desprezo.
Fim da aula, hora do alongamento.
-Quero ver duplas, se arrumem em duplas.
Ao meu lado, as três meninas. Duas fazem um par e a outra olha pra mim. Eu faço aquela cara de “oi”. Ela me ignora, vira pra parede e começa a se alongar sozinha.

Eu, Fernanda Brun, tenho um novo objetivo, muito maior do que não emagrecer: me alongar TODA aula com essa menina.
Mando notícias.