quarta-feira, 10 de março de 2010

amizade

Moro na mesma casa desde que nasci. Tirando uns dois anos por ali, um ano acolá, tô sempre aqui. Sempre estive.
Os vizinhos, no entanto, mudam.

Há uns dois anos a casa ao lado tornou-se uma empresa de higienização ou algo que o valha. Resumindo: uns 20 funcionários entram e saem diariamente da casa. Por aproximadamente um mês tentei fazer contato amigável. Um oi de manhã cedo, um tchauzinho na hora do almoço, um movimento no final do expediente. Nada. Nunca tive resposta. Nem da loira que vive de salto, nem do gordinho risonho. Nem do japonês magrinho. Muito menos da ruiva de óculos.
Mas a vida é cheia de reviravoltas.

Sexta-feira. 8h. Ressaca física e moral. Banho, maquiagem borrada. Turbante com a toalha no cabelo. Meu irmão grita.
-Guria, tô saindo e teu carro tá atrás do meu. Tira lá.
Tá.
Enfio o pijama de novo, do avesso, coloco a pantufa e vou me arrastando até o carro. Tiro ele da garagem e encosto do outro lado da rua enquanto o irmão procura o som. Coço o olho, encosto a cabeça no volante e escuto risadas. Olho para o lado e vejo 4 funcionários da tal empresa rindo e me apontando.

Desde então, recebo sorriso, bom dia e tchauzinhos dos meus novos amigos. Por pena, consideração ou amizade? Não sei.
Só sei que nada na vida é em vão.

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