quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Globalização

Balada LO-TA-DA. Dois caram chegam falando em espanhol, blablablabla
Sem paciência, mando em russo:
- Só sei falar russo, não sei falar espanhol.
Ele responde, na maior naturalidade, EM RUSSO:
- Tudo bem, a gente pode conversar em russo mesmo. Ou em tcheco.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Fim de ano sem jornalismo

Neste fim de ano não há dicas para presentes de Natal, nem notícias sobre o movimento dos shoppings no dia 24, a troca de presentes do dia 26 e as simpatias e previsões para o ano novo. Os jornalistas estão em greve desde a metade de dezembro.

A dona de casa Ana Maria aprova o movimento: "Eles merecem ganhar mais, né? Enquanto está todo mundo comemorando com a família, os jornalistas estão lá, trabalhando."

José Araújo é administrador de empresas e ficou feliz em se livrar de toneladas de notícias. "Lá em casa todo mundo gosta mais de filme e seriado que jornal. É sempre a mesma coisa: uma bomba no oriente médio, um político ladrão no Brasil, o que comer, o que não comer, fazer exercícios e uma celebridade sem calcinha. Só sinto falta de saber do futebol...", diz.



sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Hiperativa

Eu mexo as pernas o tempo TODO! No cinema sou aquela pessoa irritante do seu lado que fica chacoalhando o pé. Durmo mexendo o pé. Não sei ficar parada, toma muito da minha atenção.
Por isso, geralmente chuto as tomadas dos computadores. Não convivemos bem, eu e os fios embaixo das mesas.

Como nessa vida tudo se aprende, tenho lá minhas estratégias para parecer normal. Quando não posso chacoalhar os pés, roo as unhas. Agora que sou gente grande e fica feio ter unhas roídas, comprei um anel bem grandão pra ficar rodando quando não posso mexer as pernas. Para solucionar o problema dos fios (preciso chacoalhar a perna pra poder me concentrar no trabalho), comprei um apoio para os pés, desses ergonômicos e etc. É ótimo, eu não desligo o computador e posso ficar mexendo a madeirinha pra cima e pra baixo.

Pois bem. Fui ontem na costureira e vi que ela movimenta a máquina com o pé e - CLICK! - achei minha forma de mudar o mundo! Vou usar o chacoalhar de pernas para gerar energia elétrica e ser uma trabalhadora 100% sustentável. Dependendo do nível de stress, posso gerar energia pra uma empresa inteira.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

muák

Manual prático de como irritar um babaca no trânsito:
1. Esteja dirigindo
2. Seja fechada por um típico babaca
3. Faça uso da buzina
4. Aguarde o babaca desacelerar, abrir a janela e te mostrar o dedo
5. Sorria e jogue um beijinho
6. Aprecie o resultado

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

chão, chão, chão, chão

Quinta-feira. Eu e duas amigas no bar.
No palco, cinco caras de topetes e tatuagens tocavam Stray Cats, Elvis, Johnny Cash e similares.
Eis que o vocalista, cantando Elvis, desce do palco e vai até uma cocota loira gostosa. Puxa ela pra dançar, e a moça começa a rebolar até o chão.
Ele para, e olha por alguns segundos.
Eu já pensando que o cara ficou até sem reação com o desempenho. Mas não.

“Não, não, moça. Essa não é pra dançar igual a Ivete Sangalo”.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Vale a pena ver de novo

Mulheres de areia:
Era uma vez duas irmãs gêmeas, uma boa e uma má.
A má se passava pela boa. Aí a boa cortou e pintou o cabelo e elas nunca mais foram confundidas.
Fim.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

o amor

Fuçando gavetas, encontrei um diário de quando tinha sete anos. Entre as anotações, uma página era mais ou menos assim:

“O Amor.
Eu tinha um namorado e a gente se amava muito e era muito feliz. Daí ele me traiu e eu fiquei muito triste.
Daí eu mudei de colégio e conheci um menino e foi amor à primeira vista e agora a gente esta namorando e a gente se ama e é muito feliz.
FIM”

Espero encontrar nas próximas gavetas onde diabos eu deixei esse jeito simples de ver a vida.

sábado, 17 de setembro de 2011

Tédio

O tédio não é permitido numa cidade com praia. Ora, era só sair de casa e ir pra praia e pronto.
Ou quase. Frequentar as areias regularmente sem companhia também é uma tarefa que requer preparo físico ou psicológico.
Físico porque você pode fazer a atleta e acabar com a celulite correndo na areia fofa.
Psicológico porque você pode sentar na areia e ficar ali pensando como uma companhia faz falta.
Tem ainda a opção carangueijo, que pode durar horas. Você sai procurando um lugar que sirva um bom carangueijo e pode passar as quatro horas seguintes tentando tirar a carninha saborosa de dentro das patas nojentas.
Mas tédio definitivamente não faz parte da lista.

Post atípico

80% dos leitores deste blog (estatística sem fundamento, porque são só dois) não sabem que escrevemos em duas. Os posts com títulos todos minúsculos são da Nanda. Os outros, meus - e a diferença surgiu do nada.

PULGA - como diria o Dani.

Fato é que acabo de voltar de uma temporada de um ano em João Pessoa e a saudade é esse bicho danado. Lá, com saudades daqui e vice-versa.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

chora, me liga

A menina tentava conter o choro enquanto segurava firme o celular, que de 3 em 3 segundo conferia pra ver se não tinha recebido uma ligação ou mensagem.

A senhora ao lado, com cara de ser a mãe, reclamava.
- Tá aguentando esse tipo de coisa porque quer...
- Mas ele é o amor da minha vida!
- Você tem só 20 anos. Daqui pros 30 você ainda vai ter uns 7 amores da sua vida. Largue esse traste e vá conhecer os outros.

Sabedoria na fila do mercado.

domingo, 11 de setembro de 2011

Os gênios

Considero o boteco meu habitat natural. Me dê um copo, 2 amigos e uma cerveja barata que me sinto em casa. Mas você, (leia essa palavra com cuidado) botequeiro, sabe que cerveja dá aqueeeela vontade ingrata de ir ao banheiro feito mulher grávida.
As meninas normalmente demoram mais no banheiro. No frio, mais ainda. E a cerveja processada pelos rins não pode esperar. Eu não penso duas vezes: se o banheiro masculino estiver livre e eu estiver usando um calçado que protege meus pés do xixi do chão, uso o masculino mesmo.
Tem homem que estranha. Já vi umas caras feias, uns risinhos, já levei cantada... E ontem o boy resolveu se manifestar:
- Ei, esse banheiro é o masculino!
- Não se preocupe. Deixei a tampa levantada pra você.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

google tradutor?

Eu faço compras pela internet. Não pela comodidade, mas porque eu sou viciada em compras, então além do mundo real, eu tenho o mundo virtual pra gastar até o que eu não tenho. Mas isso é outra história.

Esses dias eu entrei naquele site coreano de maquiagens baratas e percebi que não conseguia mais viver sem um estojo com 168 sombras. Também precisava de 10 pares de cílio postiço, porque gente, cílio postiço é a coisa mais maravilhosa do mundo.
Mas daí que faz 2 meses que minhas compras não chegam. Mandei um email pra eles, em inglês, perguntado se eles sabiam quanto tempo ainda ia demorar.

李静 me respondeu, em inglês, dizendo que logo logo chega, explicando os motivos, e pedindo por favor um pouco mais de paciência.
Pra terminar o email simpaticamente, sabendo que sou do Brasil, ele escreveu:
bjssssssss

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Eclético

Balada genérica, sabe como é. NENHUMA música mais velha que 1999. O set vem com fly away do Lenny Kravitz, emenda Californication e vem pra Barão Vermelho. Feita a trilha, deixe o Frejat cantar e acompanhe o raciocício...

Ele olha para a garota. Linda, um jeito singelo, sentadinha no canto, tomando cerveja de canudo.
A garota olha para ele. Cara de menino, camiseta pólo, sapatênis. Legal.

A música segue. Os olhares se fixam, ele se aproxima dela com os braços erguidos, começam a dançar, ela sorri, ele olha e canta:
"E-L-A É P-U-R-O Ê-X-T-A-S-E! MAS VOCÊ É PURO GLAMOUR!"

Fade.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

definições

No bar, o papo clichê:
- e você, o que faz?
- Eu vendo sonhos.
- ... e por sonhos, você quer dizer o que?
- Próteses de silicone.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Mestre-cuca

É que eu gosto de cozinhar. Especialmente coisas fresquinhas, gostosas, que sujam poucas panelas e ficam prontas em 20 minutos. Não faço coisas que preciso fritar, dourar, cozinhar, assar no forno, deixar de molho, etc. Por isso me considero mestre-cuca, não CHEF (salvo uma ou outra noite regada a vinho ou cervejas finas).

Aí chegou aquele momento crucial quando todas as panelas do tamanho que eu precisava - pequenas, porque geralmente cozinho só para minha própria gula - estavam sujas. Uma bem suja, uma na geladeira há meses, outra queimada e uma no fogo com uma parte do almoço (é, eu tenho um montão de panela pequena). A dúvida é:

- lavar uma das panelas? Qual?
- usar uma panela grande pra fazer 1/4 de xícara de arroz?
- comer só o prato que já está pronto?
- refogar couve na caneca de esquentar o leite?

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Aconteceu de novo

Um estranho me chamou de Carolina Dieckmann.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Inverno em João Pessoa

É inverno no nordeste, mas sabe como é: 23 graus dá praia. Aí você acorda domingo naquela ressaca, se enrola na canga, capricha no óculos e sai com o bofe a tiracolo pra tomar uma cervejinha pra rebater. O garçom vem de longe, sujeito simpático, e manda:
- E pra vocês, Brad e Angelina, o que vai ser?
o/

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Fatos reais

Os asfaltos aqui na Paraíba são feitos de algum material ecológico, 100% biodegradável. Estamos na metade do "inverno"e basta chover uma semana para que as grandes avenidas virem um rally. Imagine então como ficam as estradas de areia do interior.

Pense na cena: um pequeno buraco, passa um ônibus, um buraco maior, um caminhão, mais 5 cm de buraco... Até que um belo dia o buraco enche de água da chuva e é preciso uma ponte para passar por ali com qualquer veículo que não seja anfíbio.

Como o brasileiro é malandro, tem seu jeitinho, a empresa de ônibus que liga uma cidade à outra adota o procedimento padrão: o ônibus para de um lado do buraco, os passageiros descem e atravessam o lamaçal a pé. Do lado de lá, idem. Uma pequena rodoviária no meio da estrada e assim ninguém fica ilhado. Genial, não?

terça-feira, 5 de julho de 2011

sonho de (não)consumo

O clã de amigas quase todo tá solteiro.
Daí claro que surgem assuntos sobre as cagadas que cometemos, o quanto o nosso dedo é podre e as principais características que buscamos em um próximo relacionamento.
E vem aquele papo de que seria bem ótimo se o cara fosse bonito, alto, forte, barbudo, inteligente, engraçado, rico, solteiro de verdade, bem vestido, bom moço, atencioso...
Em meio a tantas qualidades, a amiga reflete e verbaliza:
- Toda vez que imagino o namorado perfeito, chego à conclusão de que ele é um chato!

No fundo, a gente gosta mesmo é de complicação.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Desentendimentos

Daí que você saiu com o cara que é tipo LINDODEMORRÊ, mas que vocês visivelmente não tem absolutamente nada em comum. NADA. ZERO. Tipo aquelas pessoas que saem juntas, mas tem 2 monólogos, sabe?
Pois é.

Daí vocês insistem mais um tempo e daí saem de novo, e na hora que você tá indo embora, verbaliza aquela brincadeira corriqueira, que todo mundo conhece:
-beijomeliga, tchau.

1 minuto depois o telefone toca. É o rapaz. Você atende:
- Oi, tudo bem?
- Tudo e você?
- Tudo, tudo...
*silêncio
- Diga.
- Diga você.
- Ãhm?
- Você que mandou eu te ligar, Nanda.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Fome e curiosidade

Sabe aquela fome que bate de repente? Você abre a geladeira, os armários, os potinhos de sorvete cheios de feijão no congelador e, putz, nada disso é o que dá vontade de comer. Eis que surge lá no cantinho aquele pedacinho de queijo, meio tomate embrulhado em plástico filme e uma cebola que deve ter vindo junto com a geladeira. Aí você cheira, tudo parece meio estranho - mas ah, vou ferver tudo mesmo - e faz um molho incrível, assim do nada. Se inspira, usa o restinho do pacote de orégano e aquele caldo de legumes que ficou ali desde que seus amigos vieram cozinhar um prato suspeito e voilá: a comida da curiosidade!

Minha teoria é que esse sentimento, conhecido mundialmente como larica da porr@, fez o homem descobrir as comidas. Maçã, morango, uva, é mole. Imagine homem das cavernas faminto encontrando uma frutinha vermelha com cheiro doce. Mas e a cebola? Quem foi o primeiro lariquento que foi lá, arrancou a cebola e NHAC, mordeu como se fosse a maçã de eva? E o abacaxi, com a casca mais espinhenta do mundo? Tem ainda o côco, cheio de água, numa árvore alta, difícil de abrir. Pior: o infeliz que pegou a pimenta e pensou "legal, isso faz arder a língua!"

Vamos passar pro nível 2: um belo dia estava lá um fazendeiro numa região do mundo à sua escolha, fazendo ricota. Aí caiu algo na receita e pá, surgiu o gorgonzola! Ele cheirou aquele queijo mofado, com odor de coisa podre e, sabe-se lá por que, contrariando tudo que seus instintos diziam, comeu. Passou embaixo da mesa fazendo mmmmmmmmmmmmmmm e é por isso que hoje você paga 40 reais pelo quilo do queijo mofado.

Fico me perguntando onde mais a curiosidade humana já meteu a mão.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Paquera

Fui fazer matéria sobre vacinação da gripe em posto de saúde.
Na fila, procuro um personagem, um molho pra deixar a reportagem mais vacina e menos xarope.
Duas perguntas depois, dou de cara com uma senhora de 93, com cara de 80.
Bato um papo com ela, ligo o microfone e pergunto:
- Por que a senhora faz questão de tomar a vacina?
- Sabe, é que eu tenho 2 paqueras. Se ficar doente, não dou conta, né?

sexta-feira, 6 de maio de 2011

eu e você, você e eu

Numa roda de amigas, conversávamos sobre amenidades e a situação atual do planeta. Não sei bem porque, chegamos naquela antiga pergunta “Se você só pudesse levar uma coisa pra uma ilha deserta, o que seria?”. Depois de ouvir discussões e opiniões sobre nomes de rapazes do show business, peças de roupa e eletroeletrônicos, fui questionada.
- E você Nanda? Tá pensando ainda?
- Não, não. Eu tenho certeza do que eu levaria. Nem preciso pensar.
- Ah, é? E o que é?
- O máximo de coca-cola possível.

Amor incondicional, a gente vê por aqui.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Aqui chove. C-H-O-V-E com força, como dizem os paraibanos. Nunca vivi uma enchente, mas também nunca tinha vivido um inverno no nordeste. Acho que essa mudança de latitude e longitude mexeu com os astros do meu horóscopo e devo estar em pleno inferno astral. Explico:

Cena 1/ externa/ noite
Ontem saí a pé para depositar 2 cheques do meu salário no banco, 15 minutinhos aqui de casa. O detalhe é que a calçada, esse artigo de luxo, ainda não chegou no meu bairro. Começou a chuviscar, apressei o passo, escorreguei e tomei um senhor banho de lama. Mandei o banco as favas, dei meia volta e revoltada entrei embaixo do chuveiro de roupa e tudo, pra tentar tirar o barro sem sujar a casa. Lavei a calça bem direitinho, com os cheques no bolso.

Cena 2 / externa/ dia
Alagamento na região metropolitana de João Pessoa, lá vou eu com uma galocha 42 fazer a matéria. Viagem de canoa até a casa da mulher, desce da canoa, entra na casa e POFT. Buraco no piso, afundo, faço um aquário da minha galocha. Água de enchente, sabe como é. Assim que eu descobrir os locais do corpo mais propensos à frieira, faço o relatório completo.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

questão de foco

Páscoa. A fiRma faz um evento e, no final, entrega uma caixa de Especialidades Nestlé pra cada. Eu abro ela feliz, mas acabo indignada. Agora, além do plástico que envolve cada bombom, da caixa e plástico que envolve a caixa, tem um plástico grosso pra caralho envolvendo todos os bombons. Resolvo ligar pro 0800 da empresa:

- Oi, eu queria fazer uma reclamação.
- Ficamos felicíssimos que você tem algo a nos acrescentar.
- Então. É que em tempos de reciclagem de lixo, evitar desperdício, sustentabilidade, blbalablabl, acho que vocês colocarem mais um plástico na caixa é meio desnecessário, né?

E por aí vai. No final da ligação, depois de me agradecer e pegar todos os meus dados, a moça do telemarketing fala.

- E você gostaria de estar recebendo nossas novidades via correio?
- Via correio?
- Isso.
- Mas moça, eu tô te ligando exatamente pra reclamar do excesso de lixo e você quer me mandar mais papel?
- Mas é que agora estamos com uma campanha sobre o quanto é importante uma alimentação saudável e cheia de nutrientes e é muito importante saber sobre isso.
- É que se vocês me mandarem mais papel, eu vou ligar de novo reclamando, entende?
Silêncio
- Ficaremos felicíssimos que você tem algo a nos acrescentar.

domingo, 24 de abril de 2011

Dos vocativos

Você está ali de bobeira na rua e alguém te chama. Nas primeiras lembranças as pessoas se referem a mim com: sua mãe tá aonde? Aí vc cresce um pouco e não precisam mais te chamar, criança é bicho curioso e atento. Outro tanto de crescimento, você vira moça. Ô moça, por favor, onde fica essa rua aqui?

Moça, psit, psiu, ei... todas as coisas eu já estava acostumada. Até que um dia um malabarista de sinaleiro me chamou de tia. Tia, tem um trocado? E obviamente não ganhou nada além da minha ira.
Ontem, fatidicamente, o cidadão desconhecido passou a se referir a mim como senhora. "A senhora sabe o caminho do asilo?"


terça-feira, 19 de abril de 2011

14h30

Esse é o horário que eu saio do trabalho. Era pra ser 14h, mas eu não consigo levantar antes de 7h07, então fica difícil sair do Parolin e chegar no Pilarzinho às 8h, levando em consideração um café da manhã decente.
Eu não vou começar a contar as vantagens de sair do trabalho esse horário, como marcar unha às 16h20, ir na acupuntura às 15h, não pegar a fila das 19h no mercado ou tirar uma soneca vendo sessão da tarde.
A grande merda dessa situação é constatar que dirigir às 14h40 é mil(MIL!)vezes pior do que dirigir às 19h. A demora é a mesma, mas ao invés de lidar com filas de carros congestionados, você tem que lidar com trocentos velhinhos e peruas no volante.

Defina desespero

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O fonema Hã

Com 11 anos morando em Curitiba eu quase transfoRmei o R do interioR do Paraná no r curitibano. Apenas 5 meses longe da cidade sorriso e o meu R interiorano voltou com foRça. Mas não faz diferença. Meu sotaque sulista aqui no nordeste vai seR motivo de espanto (e riso) de qualqueR maneira.

Com a Globo colocando seu primeiro time pra uma novela nordestina, lembro do conselho que um sábio amigo me deu logo que cheguei aqui:
"Não tente foRçaR o sotaque noRdestino. Vai ficaR ridículo igual atriz global".
Pra você, amigo
do sul, entender o choque, tem o Murilo Rosa fazendo um gaúcho dos pampas na novela das 6. Ele solta um "feche a poRRRta" no melhor estilo carioca e emenda um tchê. Altamente risível.

Pra mim o segredo do sotaque daqui é o fonema HÃ. É um som coringa, se encaixa em muitas palavras, mas é fácil perceber no V. Ninguém aqui fala "vamos". É "hãmo", em vez de "eu tava" é "eu taha". Ele entra também na emenda do s de um plural com a consoante da palavra seguinte: muitahpalavrahnémehmo?

BONUS TRACK:
Duas das minhas preferidas:
Oxxx, oxente! significa "como assim?"
Bichinho = coitado



Aprenda com a Suzana:
Bichinho du povo du su qui qué falá quinem nói!

Viver no estrangeiro

Tenho a nítida impressão que a Paraíba é outro país, comparado ao Paraná.Outra comida, outro clima, outra geografia, outra política e o mais estranho: outra língua. Quando fui analfabeta na Ucrânia reparei que só seria mesmo fluente quando conseguisse entender e contar piadas. João Pessoa vai pelo mesmo caminho.

No começo eu simplesmente não entendia as palavras. A pessoa começava a falar rápido e eu só chacoalhava a cabeça, como faz a minha vó quase surda. Agora já entendo as palavras, o fonema (hã) se fundiu ao meu vocabulário, mas não entendo a lógica do pensamento. Chega a dar um desespero quando estou no carro e o motorista pede informações. Ele troca 12 palavras levemente conexas com um passante e pronto! Sabe pra onde estamos indo. E não é ponto referência.
Por exemplo, essa semana mesmo estávamos em uma rua íngreme. O sujeito da informação disse: você desce, na casa branca de esquina vai a direita, depois esquerda e direita de novo.
Andamos 2 ruas, viramos à direta - a casa branca eu nunca vi - andamos mais 1 km passando por umas 15 ruas, e então subitamente à esquerda e lá estava o destino.

Quando estou sozinha e preciso pedir informação já adianto: olha, eu não sou daqui...
Aí a pessoa diz: então vai em frente e pergunta mais lá perto...

segunda-feira, 14 de março de 2011

Das coisas boas de mudar pra outra ponta do Brasil

1- Receber a visita dos amigos queridos e ver que nada mudou.
2- Contar as velhas piadas como se fossem novas.
3- Facilitar a vida de cada dia com uma nova descoberta - nem que seja a de um caminho errado.
4- Aglomerar e misturar os amigos de lá e os de cá.
5- Poder matar a saudade de lá de vez em quando.
6- Ter a desculpa de "fui eu que escolhi"para ajudar a encarar o que não vai como deveria.
7- Passar SEMANAS sem usar blusas, casaco e guarda-chuva.
8- A alegria de tirar uma calça jeans e colocar um vestidinho.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Gambiarra

Sei fazer gambiarras de muitos tipos. Veja este blog, por exemplo.
Mas dessa vez estou com medo. Se a gambiarra não der certo, posso virar hit no youtube.
Milana - versão repórter. Em breve num browser perto de você.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Tecnologia controversa

O homem foi pra lua em 69 (dizem), mas o videocassete só apareceu no fim dos anos 80. Temos como colocar o gene de um boi em um tomate, mas não temos remédio para enxaqueca, cólica e gripe. Temos sondas espaciais que acham água em Marte e não temos um piloto automático pro busão. Existe pele artificial e gente que joga lixo na areia da praia...

Eu não gosto de teoria conspiratória, mas veja O Clone passando na TV. Tem manipulação genética para DOIS Murilos Benício e ainda usam telefone de discar. Pior, a aparição do clone foi prevista em borra de café.
Sei não. Acho que todo o programa espacial do mundo é na verdade o sul do Texas.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

SAC

Irritada com a demora em receber a revista assinada pela famiglia, ligo pro SAC.
Espera, informo CPF do pai, endereço, CNPJ, data de falecimento da bisavó, etc.
Sem resolver meu problema, a atendente insiste:
- Senhora, apenas o titular da assinatura pode fazer alterações.
- Mas eu sou autorizada por ele, acabei de te passar TODOS os dados.
- Infelizmente, senhora, apenas o titular.

Quero ligar lá e só desligar quando localizarem o sujeito que vendeu a assinatura da revista (ou o Civita, in persona).

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Das coisas urgentes pra aprender na Paraíba

1- Queijo é coalho. Os outros são chamados pelo nome: mussarella, prato, etc.
2- Gostar de coentro, que aqui é o tempero universal. O Jeffrey diz que se você comer algo que não gosta 8 vezes, vai passar a gostar. Estou perto do limite e começo a questionar o método. Ou feijão com coentro e carne com coentro são duas coisas diferentes? Deus. Aí danou-se.
3- Nomes e sabores de frutas. Cajá, Mangaba, Pinha, Umbu (pois é, umbu-cajá são duas frutas).
4- Comer caranguejo com o mínimo de eficiência.
5- Dormir na rede.
6- Entender a tábua das marés.
7- Um caminho mais curto para chegar no trabalho.
8- Onde fica o restaurante mexicano.
9- Como chegar de ônibus em lugares importantes (tipo o restaurante mexicano)
10- Falar "pronto"em vez de tá, então e similares. - CHECK!, ou melhor, PRONTO!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Contabilidade

Sabe como é. Até começar a ganhar dinheiro fui fazer biscate (epa!).
Tava trabalhando de garçonete num bar fino. Mas FINO!
Saldo:
- Panturrilhas definidas
- Marcas das tiras de havaiana
- Receita de caipirinha com frutas exóticas
- 35 reais de gorjeta
- 1 pedido etílico de casamento.

Ou seja, vou usar os pés calejados para levar as panturrilhas definidas até o mercado, gastar 35 reais em drinks e ser feliz pra sempre.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

sinais

Discussão com o namorado no portão de casa.
Escuto uma coisa que não gosto e abaixo a cabeça, pensando no que dizer.

E ficamos ali, naquele silêncio, até que um mendigo bêbado passa batucando na latinha de cerveja:
“Doooooooon’t let me doooown, doooooon’t let me dooooown. Nobodyévilóviulikeeeeesuuuuu, lalalaluuuuuu”

O mundo anda me mandando sinais.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

chororô

7 de janeiro
Eu saindo do trabalho 1 em direção ao trabalho 2 depois de ter almoçado em 20 minutos. Daí você soma o calor infernal, o trânsito caótico, e aquela subida na Brigadeiro Franco, quase esquina com a Manoel Ribas, local ideal pra você ver quem afinal sabe fazer uma rampa. Na dúvida, eu respondo. NINGUÉM.
Daí eu consigo finalmente entrar na porra da rua e tem um monte de homenzinho do Detran e um monte de cone na rua, que davam a entender que não dava pra andar nas 4 pistas, só nas 2 dos cantinhos. Amaldiçoo até a décima quinta geração dos guardinhas e sigo na fila. Agüento uma mulher tentando me vender um bolo de aparência duvidosa, uma senhora vendendo balas, taxista fazendo piadinha quando, lá pra frente, vejo uma criança vestida estranha e um cara com um vestido marrom e um baldinho de praia azul. Olho pro lado e vejo uma faixa enorme “Tradicional benção dos carros feita pelos freis capuchinhos”.
Respiro fundo e penso:
-Já to atrasada mesmo, vamos nos benzer.
Observo o processo: recebe a benção, contribui com dinheirinho, dá tchau. Massa.
Chega a minha vez.
-Oi, frei, boa tarde.
Olhando bem fundo ele pega a minha mão e começa a falar.
-Minha filha, que você tenha muita sabedoria, muita paz de espírito, muita calma...
E o frei ali falando e eu naquele nível de estresse que eu to e a galera ta ligada e daí, ta, eu começo a chorar. Tipo CHORAR, ali, segurando a mão do frei e pedindo pra que afinal eu consiga paz de espírito e sabedoria...
-...e que Deus abençoe este carro e todos os seus passageiros – soltando a minha mão e jogando água benta no carro – e amém.
A situação fica chata, porque o carro da minha frente ainda ta parado e eu to ali, semi chorando, e o frei ali, esperando.
Ele resolve quebrar o silêncio.
-Pra você ver, né, como esse povo ta estressado. Há uns minutos uma moça recebeu a benção, daí sei lá o que aconteceu com ela, ela foi lá e bateu no carro da frente. Assim, sem motivo. Benção funciona de um jeito diferente pra cada um, né?

É, Seu frei. É.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Pequeno dicionário da carne paraibana

1- Picanha - todo e qualquer pedaço de carne que possa ser cortado de forma a ficar com uma capa de gordura de 1 cm.
2- Mal-passado - termo inexistente.
3- Ao ponto - bem passado.
4- Bem-passada - carne colocada no fogo brando até ficar com textura de fóssil.
5- Churrasco - espetinho.
6- Sal grosso - coisa de gente do sul.
7- Manteiga - gordura ideal para se aplicar sobre qualquer carne, especialmente as fósseis.
8- Suco da carne - efeito colateral do ato de assar. Não tirar a comida do fogo até que o sangue tenha desaparecido completamente.
9- Carne de charque - carne salgada, pode ser substituta do bacon.
10- Carne moída - tipo de carne que obrigatoriamente deve ser temperada com coentro.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Resoluções para 2011

a- ganhar mais dinheiro do que em 2010.
b- todas as alternativas anteriores.

2011

Meio tarde pra uma retrospectiva, mas o meu ano acabou em novembro. Já estou naquela parte do ano pós-carnaval, quando o que todo mundo quer é enfiar a cara no trabalho. Em 2010 eu parei com a paranoia de estar ficando velha. Aceitei o dado da OMS: a partir dos 24 anos a população é considerada adulta. Mas sou uma adulta bon-vivant.
2010 foi um ano irmão a 2000 na minha vida, anos de grandes mudanças, reflexos daquela decisão que tomei numa terça-feira as 4 da tarde, um na fila do banestado pra fazer vestibular. Uma grande mudança geográfica, quatro mudanças de emprego, apartamento, conforto, classe social, grupos de amigos que se recombinam. Bate-papo a rodo na mesa do bar, o que considero o meu habitat natural e de 90% das pessoas que gosto. Me percebi diferente de uns, mais perto de outros e feliz de poder ir de lá pra cá. Dizem que é coisa de libriano. Também não acredito em horóscopo desde que escrevi alguns há 10 anos.
Como em 2000, estou ansiosa, um tanto perdida, mil coisas pra fazer, a procrastinação em níveis absurdos. E o absurdo em níveis estratosféricos. Por enquanto estou aqui quieta, observando as mudanças, vendo as coisas passarem. Não vai durar muito. Pretendo entrar de qualquer jeito no próximo trem que passar, nem que pra isso precise derrubar metade do povo que está parado na porta. Chuto que 2011 vai ser um ano de perspectiva. Isso sim é inédito.